domingo, agosto 27, 2006

Afinal inda há kem (kuase) pense como eu

"Recebi um convite pelo correio.Ocasiao:o sucesso de uma revista masculina, daquelas sem maminhas.O convite, sendo para 2 pessoas nao me animava.Mandei um mail ao director, meu gentil homonimo, que me explicou que aquilo era coisa de gajas e copos.pelo que a comparencia a solo oferecia algumas perspectivas jeitosas.Um optimista sem remissao, como se ve.Eu no entanto continuava pouco contente com esse compromisso sem companhia.Assim liguei a uma antiga namorada.Se ela queria ir comigo.Ela queria.La fomos, meio ladinos, a um convento mudado em discoteca.Seguimos a multidao vestida e despida a preceito e excessivamenteesvozeante.Exibimos o convite, passamos por seguranças carecas e depois por uma equipa televisiva devidamente artilhada.(...)Podemos descrever sociologicamenteo evento de duas maneiras. Uma maneira:jovens adultos, do mundo do espectaculo,dos media e da publicidade, que conviviam descontraidamente, celebrando o encontro entre individuos simpaticos e atraentes e homenageando o triunfo de um intrepido projecto editorial no mercado altamente competitivo do material impresso.Outra maneira de descrever o evento é esta:gente no engate.(...)Abastecemo-nos de bebidas.Ela dançou e eu circulei.Ainda troquei uns dichotes com um amigoque contou que estava divorciado e de volta a caça grossa.A musica aumentou o volume .Apareceramefeitos sonoros sonantes e umas brasileiras de silicone com camisolinhas que diziam FHM(...)E vi que circulavam apresentadores de televisao com aspecto adultero,modelos lindissimas com danos nas narinas,alguns bimbos com medalhas que estagiavam em empresas de exportaçao,miudos cheios de muitissima vontade, quarentoes charmosos de camisa desabotoada, jornalistas algo rançosos, um futebolista lesionado, miudas a trocar mensagens de telemovel á velocidade da luz, a Isabel Figueira, uma adolescente que se roçou repetidamente na minha regiao pelvica, um calmeirao com brinco e cicatriz, e uma donzelade vinte e muitos anos(...)Isto tudo enquanto eu tentava a segunda rodada de bebidas,massacrado pela musica dançavel e pelos magotes de gente, suando niagaras, e com a minha amiga desaparecida entre martelinhos.Desisti de mais liquidos.Encostei a uma coluna, como é meu habito, e esperei que ela voltasse.E ,incrivelmente cedo, sugeri que desmobilizassemos.Estava tudo visto.A beleza, a vaidade, o mau gosto, a libido, o capitalismo, o caos comedido e outros conceitos abstractos.A minha amiga acedeu, mas concluiu que eu era um chato.Coisa que jamais contesto."

in "Noticias Sabado - JN" - Pedro Mexia

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