quinta-feira, agosto 25, 2005

Poesia de fim de noite



Nunca fui de planar
E os altos voos,
Nunca despertaram em mim
Grandes ambições !
Por isso,
Passo o tempo a flutuar
Em Céus desconhecidos ! ...

A flutuar ... a flutuar ...
Entre nuvens de hipocrisia
E a sonhar sonhos hipotéticos,
Inatingíveis ...

A cada vez
Que me disponho a levantar voo,
Mais esta vertigem me perturba
E,
Vertiginosamente,
Mais a subida me desequilibra
E mais a queda se torna evidente !

E quanto mais avanço,
Mais o avançar me faz medo !
E mais a voracidade de subir
Me tolhe as forças
E desço !

E redemoinho sobre mim,
Como se o Oceano quisesse engolir-me !
E a Vertigem
Cada vez mais me domina,
Como se me sentisse atraído pelas vagas,
Como se viajasse num abismo
Sem regresso !

Um dia há-de chegar em que,
Estático no Espaço, suspenso no infinito,
Deixarei de subir ou descer,
Porque chegou a hora de morrer !

Compreenderei então,
Que o problema não está em voar,
Mas em saber aterrar !


Manuel Alcobia - Vertigens

3 comentários:

Anónimo disse...

A imagem está... linda!

Pistaxa disse...

Gostei =)

Sandrinha disse...

^^