(Desculpem a extensão deste post, mas vale a pena ler)
Sol, lua, terra, mar
Fogo, voz, odor, cheiro
Amar, querer, chegar
Fumo que sai do cinzeiro
Não digas mais nada
Não quero saber o que dizes agora
Estou perdido na emboscada
Do barco que se vai embora
Leva com ele toda a verdade
Num baú cheio de recordações
Deixando somente a saudade
Com milhares de desilusões
Leva tudo o que me fez perder o sentido
O que é a vida sem recheio?
É um caminho longo e descolorido
Quero chegar ao fim sem viver o meio
O meu coração bate, mas para quê bater?
Não quero ver o que vejo
Cega o dia que aí vem a nascer
Faz luz do meu desejo
Quero esquecer que existi num mundo
Onde já não quero estar
Pois o que tenho de mais profundo
Não tem onde poisar
Voa para a morte
Voa, dá asas para não sofrer
Procura uma melhor sorte.
No outro lado talvez vá ter
Desaparece, não deixes rasto
Enxuga as lágrimas de sal
Que molham o leito seco e gasto
Já não quero ser um simples mortal
Quero ouvir o vento sussurrar
Aos meus ouvidos de mansinho
O que tu amas não vai chegar
Procura outro caminho
O céu vai chorar, talvez
Tudo o que queria descobrir
Só tu não o vês
Só tu não vais sentir
Minha falta num poema
Numa carta, numa nota
Num filme de cinema
Ou no silêncio à tua volta.
Fez-se silêncio. Será que já morri?
Será que já vejo o além?
Não. Ainda não consegui
Continuo a ser ninguém...
Mas já morri um dia
Morte igual nunca terei
Pois a tristeza que nasceu da alegria
Sei que dela jamais sairei
Preso estou numa masmorra
Sem chave para abrir
À espera que morra
Daqui quero fugir
Já estive perto da eterna felicidade
Vivi na ilusão de a possuir
Mentira, calúnia de tenra idade
Uma vida passada a fingir
Morro, vivo para morrer
Não era isto que eu queria
Então para quê viver?
Vou apressar a minha estadia
Desfaleço nos dias que correm
Esmoreço gasto às incidências da minha vida
Minhas forças já morrem
Nesta triste despedida
Adeus, mundo cruel
Estou de partida para não voltar
Mas a ti serei fiel
Até à minha alma se apagar.
Amar-te-ei até ao limite da minha força interior
Venerar-te-ei como veneram o Senhor
Que lá no céu
Abençoará este amor só teu
Não te esqueças destas palavras singelas
De alguém que sofre com punhais
Cravados em suas costelas
Adeus! Até sempre e nunca mais!
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